segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Antes de dormir

Enquanto tocava nos cabelos dela, ele pensava no dia seguinte. Ela achava que ele estava concentrado na textura deles, pelo ritmo dos movimentos, e se deliciava.

Ele pensava na sua rotina e nas pequenas decisões que iria tomar ao longo do dia. Ela pensava nele. Como o toque de sua mão era macio, como  o carinho que ele fazia era tão bom, como eles estavam conectados.

Ele pensava no almoço. Amanhã era dia de malassado, e ele detesta malassado, teria que caminhar um pouco mais pra comer naquele à quilo da outra esquina. Ou então ficar no sanduíche mesmo. É, o mais provável é que ficasse com o sanduíche, o da outra esquina era muito abafado.

Ela tinha sono. O cafuné dele era tão bom. Ela estava feliz. Eles estavam juntos há algum tempo, e ele ainda tinha essa conexão com ela.

Ele tinha esquecido que amanhã era dia de revisão de textos. Ele xinga, mentalmente. Revisar o texto dos outros é um porre, ele pensa. Ainda mais quando tem tanta gente que não sabe nem ler, quem dirá escrever.

Ela está inebriada, pelo carinho e pelo amor. O toque gentil, a troca, o sentimento entre eles, era tudo muito reconfortante.

Ele está pensando no filme que ele vai ver com os amigos na quarta.

Boa noite, amor, estou caindo de sono. Te amo muito, ela disse.

Eu também te amo, bebê, respondeu, enquanto pensava no trânsito pra voltar pra casa, e achava que seria melhor esperar um pouco no fliperama da esquina.

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Atenta.

Atenta à mulher que muda os cabelos.
Atenta. São, também, sua força.
Atenta à mulher que assume seu cabelo para si; está a tomar posse de si.
Atenta, é mudança profunda. Roupas são pele; cabelo, expressão da raiz.
Atenta; e anda.