quinta-feira, janeiro 27, 2005

Comerciais

Acabo de voltar de Trancoso - BA, fui trabalhar num comercial alemão para uma linha de produtos de beleza de quinta categoria.

Trabalhei feito um condenado e nem tive tempo de dar um pulinho na praia...

Trancoso é o bicho, mas não pra ficar mais de uma semana.

Estou de volta.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Se você quer ser feliz:

www.gordinho.cjb.net

mantenha o som ligado.

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terça-feira, janeiro 11, 2005

Um pouco de Teoria da Conspiração

Asia Tsunami Caused by Nuclear Test - Report


Politics: 6 January 2005, Thursday.

The earthquake that devastated the Indian Ocean on December 26, triggering mammoth waves called tsunami, "was possibly" caused by an Indian nuclear experiment, an Egyptian weekly magazine wrote on Thursday.

In the suggested test, according to the Al-Osboa magazine, "Israeli and American nuclear experts participated".

India, in its heated nuclear race with Pakistan, has lately received sophisticated nuclear know-how from the United States and Israel, both of which "showed readiness to cooperate with India in experiments to exterminate humankind," the Egyptian magazine commented.

Geologists labeled that region "The Fire Belt" for being "a dangerous terrain that can move at anytime, without human intervention," Al-Osboa wrote.

The Egyptian weekly magazine concludes in its report that "the exchange of nuclear experts between Israel and India, and US pressure on Pakistan which is exerted by supplying India with state-of-the-art nuclear technology and preventing Islamabad from cooperating with Asian and Islamic states in the nuclear field, pose a big question mark on the causes behind the violent Asian earthquake."

To produce an earthquake of 9.0 like the one in the Indian Ocean, a bomb of 178 megaton would be necessary to blow off, the Russian online edition MIGnews commented. However, neither India or Israel, nor the USA disposes of such bomb. The maximum power known to be tested so far on earth was the H-bomb of 57 megaton tested by the former USSR in 1961.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Bahia por Exemplo

José Augusto

A Sala Walter da Silveira vai exibir, dia 12, pelo projeto Quartas Baianas, o filme do cineasta baiano Rex Schindler, do qual foram lançadas cópias em 35 mm, VHS e DVD, que estão fazendo sucesso no meio cultural baiano.

O documentário, de 90 minutos, foi realizado há mais de 40 anos, no auge da explosão cinematográfica baiana, quando Salvador chegou a ser considerada a Meca do Cinema Nacional, título que Walter da Silveira detestava.

A cópia estava estragada e foi totalmente recuperada com recursos do Fazcultura, com apoio do empresário baiano José Augusto Melo. Verificou-se um fato sensacional: hoje, o filme é mais importante do que quando foi feito, transformou-se em um documentário histórico dos mais preciosos.

Bahia por Exemplo mostra, com maestria, como era a Bahia culturalmente à época. Rex filmou o que havia de melhor, com depoimento das personalidades artísticas mais importantes – hoje, a maioria está morta. Há registro da pesca de xaréu, dos bondes pelas ruas, da Orquestra Sinfônica da Bahia, com o maestro Koellreutter, do Museu de Arte Moderna da Bahia, de Lina Bo Bardi, da Escola de Teatro da Bahia, com Martim Gonçalves.

Mostra ainda a dedicação do reitor Edgard Santos à frente da Universidade Federal da Bahia; a Sociedade de Cultura Artística da Bahia (Scab), de Alexandrina Ramalho e José Silveira; o Clube de Cinema da Bahia, com Walter da Silveira fazendo palestras antes das exibições; o Cinema Novo, com Glauber Rocha, Oscar Santana, Roberto Pires – a explosão artística cultural da Bahia nos anos 60.

Chegam a comover os grandes escritores e artistas baianos, alguns iniciando carreira, dando depoimento e trabalhando ao vivo. Carybé, na praia, fazendo esboços dos pescadores e gente do povo, imortalizados depois em suas telas; Jenner Augusto, desenhando as palafitas dos Alagados; Calasans Neto, com as primeiras cabras e baleias; e mais Genaro de Carvalho, Carlos Bastos, Juarez Paraíso e outros.

Há depoimentos preciosos de Jorge Amado, ainda moço, Mãe Menininha do Gantois, Olga de Alaketo, Mestre Didi, dom Jerônimo, Lindemberg Cardoso, com seu coral e suas músicas, Dorival Caymmi cantando nas praias, Glauber Rocha, Mário Cravo, Hansen Bahia, Walter Smetack, Cid Teixeira e tantos outros.

Tudo filmado ao vivo, colorido, nos próprios locais e com a maior fidelidade. Quem vê a fita, fica comovido ao constatar que a Bahia, culturalmente, já teve maior representatividade. O filme de Rex Schindler é um documentário dos mais importantes não só para a Bahia como para o Brasil. Foram feitas cópias em inglês para exibição no estrangeiro.

Bahia por Exemplo - De Rex Schindler - Dia 12, 20h - Sala Walter da Silveira - Entrada franca


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“Cinema é um atraso de vida”

Desiludido, mas com a verve de sempre, Edgard Navarro explica por que está pensando em deixar o cinema

Ceci Alves

O diretor baiano de cinema Edgard Navarro, a princípio, não queria dar entrevista: “Eu estou despongando do cinema. Por isso, não quero falar dele”, justificou.

A afirmativa era grave. Edgard - engenheiro civil aposentado - dedicou a vida à Sétima Arte. E, quando finalmente pôde fazer seu primeiro longa-metragem, foi acometido por um surto de desilusão. Tudo por conta das pressões que sofreu do mundo real para colocar o filme Eu Me Lembro na lata.

“Esse mundo do CNPJ me assusta, sou angustiado, neurótico. Não quero dar minha alma para Satanás, que para mim é o dinheiro, a chapa branca”, diz Navarro, se declarando incapaz de produzir uma obra artística para um mercado “que suga o sangue do diretor”.

Desiludido, mas com a verve de sempre, o polêmico e irreverente autor do genial média-metragem Superoutro, que arrebatou os principais prêmios do Festival de Gramado à época de seu lançamento (1989), finalmente aceitou falar pessoalmente de Eu Me Lembro e do fazer cinematográfico. E, brincando com as palavras, diz por que vai abandonar o “bonde andando” do cinema nacional - aquele que está sempre sendo retomado - na entrevista que segue.

A TARDE - Você diz que está “despongando do cinema”. O que significa essa afirmação? O bonde vai andar sem você?

Edgard Navarro – Estou despongando porque eu perdi. Porque, se é verdade que os rápidos vão engolir os lentos, eu sou lento, e gosto de ser lento. Estou despongando do cinema porque a minha vida inteira – tenho 55 anos – tentei fazer as coisas de uma forma correta, transgredindo apenas nas metáforas e na criação, e a coisa não andou como eu esperava. O menino se transformou num homem que, para fazer cinema, teve de fazer muitas concessões. Passei dois anos esperando verba para finalizar algo que filmei em 2002 (N.R.: Eu Me Lembro, longa que ganhou o primeiro edital de produção de cinema do governo do Estado) e, só dois anos e meio depois, vou finalizá-lo, por não estar próximo a uma plêiade, ao jet set, a um star system, aos globais que fazem e que decidem o cinema nacional. Não tenho esse perfil, talvez porque sou feio, pobre, nordestino, que tem que vestir a beca, e não só vestir a beca, mas também conhecer fulano, ser apadrinhado... Eu não tenho esse savoir-faire. Eu desagrado. As pessoas não vão me convidar para uma festa porque sabem que sempre vou dar um peido, ou falar um palavrão impublicável, ou dizer, na minha ousadia ingênua, que o rei está nu.

AT - Você não acha que isso é entregar os pontos depois de ter nadado até a praia?

EN - Fiz o (média-metragem) Superoutro em 87/89 e consigo, 15 anos depois de um trabalho renitente, escrevendo muitos roteiros, tentando vários concursos e sem passar em nenhum, fazer meu primeiro longa-metragem. E, cá estou eu, 20 anos depois, me esforçando (ainda) para terminar meu primeiro longa-metragem. É frustrante. Então, acabou esse tempo, é hora de parar e fazer algo que valha a pena e não custe tanto. Para quem deu certo e consegue fazer essa ponte da poesia com o real – falo também do real moeda – só tenho admiração. Eu não dei certo.

AT - Você atribui o seu fracasso a alguma coisa, do tipo (falta de) políticas públicas na Bahia, ao destino, à sorte...?

EN - Não há política do audiovisual na Bahia, nem no Brasil. Por isso, não consegui continuar fazendo filmes depois de Superoutro. Isso é uma coisa perversa e representa, na Bahia, a hegemonia de um grupo que está aí há 30 anos boicotando o Estado, e que não fez, em termos do audiovisual, uma política crível. Se não, eu, cineasta baiano, teria grana para estar fazendo um próximo filme. Se não, depois de Superoutro, eu teria feito O Homem Que Não Dormia, que foi o roteiro que escrevi logo depois, e, quem sabe, hoje, eu não teria que despongar. Mas eu também faço um mea culpa: Superoutro tinha 45 minutos. Será que se ele tivesse o formato de consumo do mercado – mais 15 minutos, ou se fosse até de uma hora e 20 minutos – poderia ter conseguido sucesso e, assim, hoje, teria dispensado ser beneficiário político de um governo que “incentiva” o audiovisual? Quem sabe, então, O Homem Que Não Dormia poderia ter rendido um fundo de investimento para novos cineastas, já que eu estaria no meu mar, dialogando com Pedro Almodóvar e com os de minha geração. Mas não fui testado para as multidões, como Almodóvar, Caetano e Gil. Me sinto frustrado. Fui esmagado.

AT - Por que despongar só agora, então?

EN - Eu não faço as concessões que fiz ao entrar num projeto de um longa que ganhou R$ 1 milhão, atrelado a contratos com empresas que representam o filme, que é controlado de todas as formas pelo financiador – pelo Estado –, que quer ver as exigências cumpridas. E ainda tem as exigências do mercado, de ter que fazer sucesso, de ter que arrasar nos festivais. Eu tô muito angustiado com esse babado todo, com essa politica que não responde. Quero despongar do cinema tal como ele é feito, com todo esse aparato técnico, com um orçamento de R$ 6 milhões. Desisto disso.

AT - Não há chance de volta?

EN - Se Eu Me Lembro me tornar uma grife, e os produtores correrem atrás de mim com tempo e dinheiro, eu volto. Sem pensar em números, sem estar preocupado com dinheiro, ou seja, tentar dialogar com Satanás de uma forma interessante, inteligente, temperada.

AT - Enquanto isso não acontece, o que você vai fazer da vida?

EN - Quero me despir e ficar nu que nem o rei, fazer vôos alternativos. Acordei para a câmera digital, quero pegar uma e sair filmando, usar a música que quiser sem ter que estar atrelado à indústria fonoaudiovisual. Desisto de ser um homem do playground, quero ser do underground. Essa é uma alternativa existencial, porque não tenho muito tempo de vida. Quero dedicar esses últimos 30 anos que tenho para o amor verdadeiro, para as coisas reais. Não quero mais concorrer a editais, atravessar espinhos, pântanos, para chegar à terra prometida.

AT - Você recebeu R$ 1 milhão do governo do Estado para fazer seu filme. Isso faz cinco anos, e você ainda não terminou seu filme. Por conta disso, correm muitos boatos, de que você e/ou a empresa produtora não soube (souberam) administrar esse dinheiro, que vocês estouraram o orçamento, e que, por causa do atraso de Eu Me Lembro, não houve edital para cinema e vídeo do Estado em 2003. O que você acha dessa boataria?

EN - O governo não fez edital porque não quis! O filme não estava – como não está – concluído, mas, em termos formais, para as exigências do edital, nossa tarefa estava cumprida, e no prazo que eles estipularam. Exibimos o filme numa versão dada como finalizada, como foi exigido à (produtora) Truk, em fevereiro de 2003. Por que não fizeram concurso por nossa causa, se eles deram à Truk a última parcela que faltava do financiamento do filme, a tal parcela do filme pronto? Eles usaram isso como pretexto.

AT - Por que Eu Me Lembro está demorando tanto de ser finalizado?

EN - Tive que parar o processo porque não tinha mais grana. Tive que reduzir o número de seqüências durante a filmagem, de 120 para 83, também por conta do orçamento apertado. Mas isso não refletiu na qualidade do filme. Pré-editamos, paramos alguns meses, retomamos, para enxugar a edição, e, aí, paramos de vez, porque não tinha como continuar. Parou de vez em 2003, até hoje. Mas já exibimos em vídeo, na Sala Walter da Silveira, em maio desse ano, o que me deixou aliviado.

AT - Por que o alívio?

EN - Porque convivi muito tempo com o filme sem saber como iria bater nas pessoas. Quando bateu e a recepção foi positiva, calorosa, vi pessoas rindo e chorando, se emocionando, eu disse: ‘Meu Deus, o filme funciona! Aí, é só alegria. Não consegui dormir naquela noite, de alegria incontida. Estou muito satisfeito com o resultado final, mesmo com todas as dificuldades de produção. É meu filme e funcionou, apesar de todos os problemas.

AT - E o que falta agora, para ele sair da lata para a tela?

EN - Falta a edição de som, o pagamento de direitos autorais das músicas (que compõem a trilha), a criação e gravação da música original – que pedi ao Caetano (Veloso) para fazer –, mixagem e laboratório, que é a parte mais cara. Depois de tudo isso, tenho que parar de novo e esperar outra verba, a de lançamento, para fazer cópias, cartaz, mídia... Mas, estando pronta a primeira cópia, posso não lançar o filme comercialmente, passá-lo em festivais, ganhar notoriedade e, aí, ter verba de lançamento.

AT - É verdade que uma das coisas que estaria atrasando a saída do filme seria o pagamento dos direitos autorais da trilha?

Estou tentando liberar o direito autoral de mais de 30 músicas. São fonogramas caros para o filme, tanto em dinheiro quanto em memória. Isso vai ter que ser negociado com as editoras, e só uma determinada empresa está cobrando US$ 3,5 mil música de importância terciária ao filme. São quatro as músicas importantes: as duas mais são Luzia Luluza, de Gilberto Gil, e Shine On You Crazy Diamonds, do Pink Floyd. Depois vem O Que Foi Feito de Vera, de Milton Nascimento, e A Day In The Life, dos Beatles. Estamos em negociação.

AT - Fale um pouco mais de seu filme.

EN - Eu Me Lembro é um filme de memória. É a visão de um personagem inspirado em mim, abrindo um universo que abriga minha geração. Nele, eu trabalho coisas que me aconteceram, condenso fatos, acrescento coisas que aconteceram com outras pessoas, dou cores fortes em alguns momentos. Trabalho a tensão dramática como um ourives. Eu trabalho a anatomia do drama no filme com minha veia manipuladora dos fatos, da realidade. São 20 anos – de 1954 a 1974 – em 100 minutos.

AT - Então você passeia por dez anos de ditadura. A política é um aspecto importante no filme?

EN - O aspecto político daqueles anos aparece, apenas, como pano de fundo do filme. Esse eu do título é um eu poético que criei para representar a mim mesmo e à minha geração. Encaro isso de autobiografia como um carma, um exorcismo.

AT - Como é voltar a filmar?

EN - Tenho pânico de estar com uma equipe, com equipamentos caros e grana para financiar esse exército todo, com o taxímetro rodando. É muito para mim. Trabalho sob estresse violento, não fico nada confortável.

AT - Vinte anos é o tempo de uma geração. É o fechamento de um ciclo?

EN - Estou virando a página, encerrando esse ciclo e começando uma vida nova. Acabou o cinema, não quero mais dar murros em ponta de faca. A criação de Eu Me Lembro, por exemplo, já foi. Ficar cinco anos assim, sem terminar, dá uma sensação de atraso. Cinema é um atraso de vida.



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Sala Alexandre Robatto - Férias Infantis


Dia 07/01 (Sexta-feira)
FormiguinhaZ, às 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00

Dia 08/01 (Sábado)
A Fuga das Galinhas, às 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00

Dia 09/01 (Domingo)
Procurando Nemo, às 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00

Dia 10/01 (Segunda-feira)
Shrek 2, às 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00

Dia 11/01 (Terça-feira)
Toy Story, às 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00

Dia 12/01 (Quarta-feira)
A Viagem de Chihiro, às 14h00 e 16h30
Palestra com o fotógrafo Márcio RM, às 19h00

Dia 13/01 (Quinta-feira)
Vida de Inseto, às 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00


Passaram também:

Aristogatas (Dia 03/01)

Bernardo e Bianca (Dia 04/01)

As Biciletas de Belleville, (Dia 05/01)

Uma Cilada Para Roger Rabbit (Dia 06/01)


Massa!

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Le Monde
Sobre a pressão avassaladora exercida pelos EUA para não perderem terreno no campo audiovisual mundial.

Nicole Vulser


A cultura acabou se tornando uma valiosa meta estratégica no jogo da geopolítica global. Desde que as indústrias culturais se tornaram os bens de exportação mais importantes para os Estados Unidos, e no momento em que se negocia na Unesco (Organização das Nações Unidas em prol da educação, da ciência e da cultura) um projeto de convenção visando a proteger a diversidade cultural, a determinação dos americanos a preservar as suas vantagens adquiridas e a sua influência no mundo torna-se mais do que nunca um destaque da atualidade.

De 13 a 18 de dezembro, um grupo de 24 delegações aperfeiçoou o anteprojeto desta convenção, que deverá ser votada em outubro de 2005. As lutas que vêm sendo travadas dentro da Unesco para criar um instrumento jurídico bastante rígido destinado a proteger a diversidade cultural, refletem claramente uma batalha econômica muito mais vasta, a qual vem sendo conduzida cotidianamente pelos americanos.

O cineasta marroquino Nabil Ayouch sabe muito bem disso, desde que ele organizou, na qualidade de fundador da Coalizão marroquina em prol da diversidade cultural, uma manifestação pacífica em Rabat, em 26 de janeiro de 2003. A polícia interveio, ferindo levemente alguns dos manifestantes, enquanto a multidão, que estava reunida num ato em que todos ficaram sentados no chão, queria evitar que os acordos comerciais que estavam sendo negociados com os Estados Unidos permitissem que os americanos se apoderassem do conjunto do setor audiovisual privado marroquino.

"O acordo de livre-comércio deveria integrar todos os setores da economia", explica o diretor de "Une minute de soleil em moins" (Um minuto de sol a menos, 2003). "O nível das subvenções concedidas à cultura não pôde ser mantido, mas nada pôde ser realmente planejado no sentido de preservar a valer o futuro e autorizar a liberação de subvenções públicas nas novas tecnologias ou na Internet". "O pedido que nós estávamos formulando, que consistia em impor quotas de cinema nacional na programação televisiva ou de música marroquina nas rádios não deu em nada", lamenta Nabil Ayouch. "Em contrapartida, nós obtivemos ganho de causa em relação à lei sobre o audiovisual. Os americanos pretendiam poder adquirir mais de 49% do capital de um canal de televisão e modificar a lei para controlar vários deles. Isso não foi possível".

"Foi preciso que haja uma intervenção muito clara de Jacques Chirac junto às autoridades marroquinas para que o pior seja evitado", explicaram os assessores de François Loos, o ministro delegado para o comércio exterior.

"Os americanos propuseram abrir o seu mercado para os produtos agrícolas marroquinos. Em contrapartida, o Marrocos deveria de comprometer a renunciar à sua soberania em relação às suas indústrias culturais", sublinha o conselheiro de Renaud Donnedieu de Vabres, o ministro francês da cultura e da comunicação.

Ataques planejados e maciços

"Mas, muito concretamente", constata Nabil Ayouch, "os produtores marroquinos que tentam exportar frutas ou legumes para os Estados Unidos vêm enfrentando muitas dificuldades. Por exemplo, eles recebem uma notificação informando-os que os seus gêneros alimentícios não estão conformes com as regras de higiene requeridas, uma vez que os seus caminhões que as transportam passam por uma estrada situada a 300 metros de um depósito público de lixo. Diante disso, a recomendação é que eles devem dar uma volta de 80 quilômetros".

Para Jean Musitelli, um dos especialistas não-governamentais encarregados de preparar o anteprojeto de convenção, os americanos - os quais haviam se retirado da Unesco em 1984 e a ela voltaram a aderir recentemente - "mudaram de estratégia" em relação à futura convenção. "Após uma fase de comiseração no decorrer da qual eles não acreditavam mais neste projeto, eles resolveram atacar frontalmente quando viram que a história estava começando a pegar. Isso tudo se transformou em ataques planejados e maciços contra este projeto de convenção, que eles qualificam de protecionismo disfarçado", explica o antigo porta-voz do Elysée (palácio de presidência em Paris).

Assim, os Estados Unidos apresentaram, na semana passada, comentários gerais e emendas visando a modificar o
anteprojeto de convenção, procurando principalmente diluir o texto para esvaziá-lo de sua substância. A ponto de ampliar as suas aplicações às "matérias percebidas como religiosas", ou ainda às "línguas e à diversidade lingüística". Contudo, neste ponto preciso, eles não obtiveram ganho de causa.

De maneira mais nítida, os americanos consideram nos seus comentários que "a Unesco não deveria lidar com política
comercial, o que é da alçada da OMC". Acima de tudo, eles não querem que seja implantado um instrumento jurídico mais rígido e limitante que a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Tom Cruise no Vietnã

Para Jean Musitelli, a outra tática dos americanos consiste em contornar a OMC ou a futura convenção da Unesco,
multiplicando os acordes bilaterais de nova geração. "Os americanos estabelecem precedentes em cada continente e
forçam sucessivamente os governos a renunciarem, o quanto for possível, à sua soberania sobre a sua política cultural", afirma o economista e sociólogo Robert Pilon, vice-presidente executivo da coalizão em prol da diversidade cultural no Canadá.

O Chile foi um dos primeiros a aceitar não modificar a sua legislação existente. Portanto, as suas quotas de difusão de obras audiovisuais não poderão se aplicar aos canais privados, nem à Internet. Apesar dos esforços da França para impedir que o Camboja fizesse uma oferta de liberalização das suas indústrias culturais, muito pouco ou nada pôde ser evitado. "Os americanos utilizam um monte de meios para obter o máximo de liberalização de serviços (cinema, televisão, música, livros, novas mídias). De maneira geral, tudo o que eles precisam fazer é reduzir os direitos alfandegários sobre determinados produtos que os países em questão desejam exportar", precisam assessores de François Loos.

"Existe uma graduação na escala das pressões exercidas pelos americanos", sublinha Jean Musitelli. "Neste momento, no Burkina Faso ou no Benin, diplomatas americanos empreenderam um intenso trabalho de lobby. Eles não hesitam a propor redigir as ofertas comerciais no lugar dos próprios representantes africanos, no que diz respeito aos acordos bilaterais", acrescentam os mesmos assessores de François Loos.

Jean Musitelli precisa que, em determinados países do leste da Europa do leste e no Vietnã, os americanos estão equipando o território com salas de cinema. Ao promoverem a vinda de Tom Cruise ou de qualquer outra estrela do circuito de Hollywood para a inauguração de um "multiplexo", eles estão cuidando de valorizar a sua imagem.

O braço-armado do lobby americano é a Motion Picture Association of America (MPAA), que reúne os principais
estúdios de Hollywood. O seu novo presidente, Dan Glickman, um antigo secretário de Estado da agricultura de Bill
Clinton, entendeu rapidamente qual era o sentido maior da sua missão.

Ele sabe melhor que qualquer outra pessoa que a exportação dos bens culturais estimula as exportações americanas como um todo. O que o levou recentemente a dizer, a respeito da convenção que está sendo preparada na Unesco: "A diversidade cultural não deve ser uma desculpa para criar novas barreiras". Seria impossível ser mais claro.


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Eu gosto de Harry Potter.

Viu, Camilo?

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