sexta-feira, janeiro 31, 2003

AI, ai, ai, é muito bom ser foda mesmo.

Eu sempre disse que, até hoje, nunca se teleportou nada. Ao menos não fisicamente falando (algo como um neutrino, ou um próton, ou um elétron). Mas todo mundo insiste que já conseguiram, etc e tal. Então eu explico que o que transportaram foram informações sobre fótons, e nem mesmo chegaram a transportar os fótons inteiros. Aí o povo não acredita.

Então, falei com uns suíços aí que deram uma entrevista para a folha de sp, que segue abaixo com comentários.


O cidadão digita o número do cartão de crédito e envia pela internet. Antes que os dados sejam transmitidos, são codificados em partículas de luz. Esses pequenos pacotes luminosos desaparecem do computador e, num passe de mágica, reaparecem no banco -- ninguém jamais tem a chance de interceptar a informação.

Comentário 1 - Essa parte de que ninguém teve chance de interceptar a informação é mentira. Se o banco consegue receber, então é possível interceptar.

Agradeça ao teletransporte quântico por mais uma transmissão de dados sigilosos 100% segura. Isso já existe, graças a um grupo de pesquisadores na Suíça.

Na terra dos bancos e dos relógios de precisão, Nicolas Gisin é o líder do grupo de físicos que anuncia hoje na revista "Nature" (www.nature.com) o teletransporte bem-sucedido de propriedades de fótons por um cabo de fibra óptica com dois quilômetros de extensão. A realização mostra que o efeito maluco da mecânica quântica responsável pela possibilidade do teletransporte pode ser perpetuado a distâncias maiores, escancarando a porta para tecnologias de troca de informações que vão frustrar muitos hackers por aí.

Próxima pergunta: quanto tempo falta para que a tecnologia esteja disponível no mercado? "Você pode comprá-la hoje", avisa Gisin, fundador da Id Quantique (www.idquantique.com), empresa criada pelo grupo na Universidade de Genebra.

A limitação do sistema já comercializado pela companhia (que envolve a mecânica quântica para codificar informações, mas não usa teletransporte) é de algumas poucas dezenas de quilômetros. Com teletransporte, o recorde é o atual: dois quilômetros. "Mas não é o limite. Ainda estamos trabalhando para atingir distâncias maiores", diz Gisin. "Cem quilômetros não é para amanhã, mas será viável num par de anos."

Princípio da incerteza

O slogan da ID Quantique é "um salto quântico para a criptografia". Mas poderia bem ser, sem prejuízo científico: "o princípio da incerteza é a garantia do sucesso". É fato que, se comercialmente não é bom, pelo menos é correto.

O que faz a codificação de informações em partículas de luz tão atraente é justamente o famoso princípio da incerteza, enunciado pelo físico alemão Werner Heisenberg (1901-1976). Entre outras coisas, ele estabelece que, ao medir as propriedades de uma partícula, é inevitável que ela seja alterada. Assim, se alguém intercepta a informação no meio do caminho, o receptor pode detectar essa interceptação e saber que a comunicação foi monitorada.

Comentário 2 - É mentira. Alguém pode interceptar a partícula (que no caso nem é uma particula, poderão ver mais abaixo), lê-la e enviar uma cópia para o que seria o destino final. O problema é o tempo perdido com o teleporte.

O teletransporte oferece um recurso adicional precioso: ele faz a informação desaparecer num lugar e reaparecer em outro, garantindo que ela não tenha como ser interceptada. Desde o experimento que comprovou essa possibilidade, em 1997, muito tem se especulado sobre a futura criação de máquinas que levem objetos inteiros de um lugar a outro instantaneamente, como as plataformas de teletransporte da série de TV "Jornada nas Estrelas".

Tecnologia fantasmagórica

A alusão incomoda Gisin e seus colegas: até agora, só foram teletransportados pequenos detalhes característicos de partículas de luz, o que só pode ser útil para comunicação e computação, mas nada mais fantasioso.

Comentário 3 - Como eu disse, teleporte de matéria NÃO EXISTE. Desistam de se teleportarem. Eu acho mais fácil existir viagem mais rápida do que a luz através de "Warp Drives" do que teleporte de matéria.

"Muita simplificação excessiva tem prejudicado o campo. Ninguém nunca teletransportou um laser e ninguém sonha em fazer tal experimento", diz. "Com a tecnologia imaginável hoje, o teletransporte está limitado a sistemas quânticos elementares."

Apesar disso, ele admite que a física por trás do teletransporte pode ainda guardar surpresas. Ninguém sabe com certeza o que no Universo faz com que o estado quântico de uma partícula possa ser "magicamente" teletransportado de um lugar a outro, embora as equações e os experimentos mostrem que é assim que acontece. Até mesmo Albert Einstein, quando se referiu ao fenômeno do emaranhamento de partículas (que permite o teletransporte quântico), classificou-o de "ação fantasmagórica a distância".

"De todo modo, eu acho a implicação conceitual absolutamente fascinante", conclui Gisin. "Um objeto pode ser teletransportado de um lugar a outro sem nem mesmo existir em qualquer lugar entre os dois pontos. Isso deve chocar todos que pensam nisso."

Venha cá, com desenho animado, drogas, revistas em quadrinhos e filmes, que se assombraria com isso (no sentido de nunca ter pensado nisso antes) ?

Só os doentes, os altistas e as pessoas que não acreditam que o homem já pisou na lua.

Nenhum comentário: