quarta-feira, novembro 03, 2004

Rapaz, eu tinha de postar isso aqui...

Velho, leiam isso. A mulher é uma débil mental!

E o pior, ela é formada em Filosofia, imagine! E ela ainda resolve falar de física quântica, aikido, energia do cosmos, caridade, etc. Eu ia só colocar as piores frases, mas é impossível selecionar as piores. Tudo que ela diz é ridículo!
Leiam. Fiquem indignados como eu.

Agora, essa mulher é podre de rica. E Picasso, Beethoven, Sócrates, Copérnico, morreram sem dinheiro. O mundo definitivamente é injusto.

Entrevista: Yara Baumgart


"Bandeirante desbravante"


Foto: Claudio Rossi



É assim que se define a empresária paulistana Yara Baumgart. Ela brilha no mundo da beleza e gosta de esgrimir suas aptidões intelectuais


Entrevista: Juliana Linhares

"Acabo de me formar em filosofia. Convivi com os grandes pensadores. Aprendi muito com os meus queridos Aristóteles, Sócrates e Kant"


A empresária paulistana Yara Baumgart, de 56 anos, sai do sério quando alguém a chama de perua. Já levou à Justiça o colunista José Simão, da Folha de S.Paulo, por ter-lhe sapecado esse adjetivo um tantinho substantivado. Yara tem razão de ficar zangada. Depois de anos dedicados exclusivamente à vida em sociedade e à família (seu marido é o empresário Roberto Baumgart, fabricante de produtos químicos e dono de shopping centers), ela resolveu dar um basta na dondoquice. Usou a experiência adquirida como paciente de clínicas estéticas no exterior para abrir a Kyron, a maior clínica desse tipo no Brasil. Há alguns anos, Yara descobriu também que pode haver idéias debaixo da chapinha japonesa. Em julho, formou-se em filosofia. Yara gosta de citar grandes pensadores, diz que é fluente em cinco idiomas e conta que tem 5 000 livros em casa. Fala sempre baixo e num tom monocórdio. Falar assim, explica, "é muito europeu". Em seu escritório, em São Paulo, ela deu a seguinte entrevista a VEJA.

Veja – Desde quando a senhora se dedica aos cuidados com a beleza?
Yara – Desde muito pequena. Herdei essa característica de mamãe, que sempre foi vaidosa. Lembro que, quando eu era criança, ela ia a uma esteticista romena que lhe aplicava cremes de lanolina no corpo todo. Em casa, mamãe se sentava em frente a um espelho que tínhamos no banheiro e dava palmadinhas no rosto com uma almofadinha presa num arame, para ativar a circulação. Aos 7 anos, comecei a estudar balé. Mamãe vivia preocupada com as minhas pernas. Por isso, me levava para fazer massagem com terapeutas alemãs. Ela tinha medo de que eu ficasse com pernas de jogador de futebol.

Veja – Foi graças a sua mãe, então, que a senhora ganhou pernas de bailarina...
Yara – Fiz balé clássico até os 19 anos e ioga por mais dezessete. Sempre me preocupei mais com o corpo do que com o espírito. Agora, quero encontrar o caminho da verdade. Comecei a fazer aikidô. Um sensei me dá aula particular. Ele tem uma energia fortíssima. Para você ter uma idéia, o sensei arremessa os alunos faixa preta ao chão com seus golpes. Depois, estende o braço e lhes mostra a palma da mão. Os alunos ficam congelados no lugar onde caíram só pela energia que sai da sua mão. É igual ao filme O Último Samurai. Aprendi coisas incríveis com o aikidô.

Veja – Que coisas?
Yara – A dar cambalhota, por exemplo. É mais ou menos a representação da vida. Nascemos com a possibilidade de fazer uma infinidade de coisas, mas, com o tempo, criamos arestas. O aikidô nos ajuda a aparar essas arestas e ficar mais redondos. Veja bem: redondo no contexto energético. Fisicamente, é o contrário. Aikidô emagrece e afina a cintura.

Veja – O que mais o aikidô lhe ensinou?
Yara – Aguçou meu feeling. Tenho boa intuição, mas só dei atenção a ela depois de uma experiência aterrorizante no aeroporto em Paris. Senti um frio na barriga na hora em que peguei na esteira de bagagem uma maleta Louis Vuitton, que tinha umas bobeirinhas dentro, como meu passaporte – o brasileiro, porque o italiano estava na bolsa –, um reloginho Cartier, uma maquininha digital e uns creminhos. Não dei bola para essa sensação e fui para o carro que me esperava no terminal. Você acredita que roubaram a maleta? O aikidô me fez enxergar minha parte de culpa nisso. Pressenti que iam levar a maleta e não fiz nada.

Veja – A senhora fez faculdade?
Yara – Acabo de me formar em filosofia. Foram quatro anos iluminados de estudos e descobertas. Convivi com os grandes pensadores. Aprendi muito com os meus queridos Aristóteles, Sócrates e Kant.

Veja – E teve formatura?
Yara – Dei uma grande festa. Reproduzi na minha casa o bar da universidade. Todos foram de estudante. Hebe Camargo foi de saia pregueada e meias três-quartos. João Armentano, de boné e colete. Espalhei pôsteres de 3 metros de altura com o rosto e os dizeres de filósofos. A idéia era passar um pouquinho do meu conhecimento para os convidados. Um dos pôsteres era de Parmênides: "O homem é e não pode não ser". Isso diz muito. É como vermos na rua uma pessoa atropelada ou espancada. Não dá para fazer de conta que não aconteceu.

Veja – A senhora pretende continuar seus estudos filosóficos?
Yara – Vou fazer mestrado em filosofia da estética que, nossa, é um sem-fim. Pretendo estudar (Theodor) Adorno (filósofo alemão). Chego a ter taquicardia quando leio seus livros.

Veja – Por quê?
Yara – Ele fala da estética do homem como um todo, sabe? A pintura, a arquitetura, a poesia, a literatura. A estética trata desses assuntos que acabei de falar.

Veja – A senhora poderia ser mais clara?
Yara – Por exemplo: eu gosto desse quadro chinês aí na parede. Você não gosta? Tudo bem. É uma questão de valores. Isso é que é estética. É mais ou menos por aí.

Veja – O que a senhora modificou na estética do seu corpo?
Yara – Vamos por partes. No cabelo, fiz reflexo e um relaxamento na raiz dos fios. É que, cá entre nós, (cochichando) meu cabelo é pixaim. Fiz uma plástica no nariz, outra no pescoço e coloquei silicone nos seios. Tenho aparelho fixo nos dentes, que empurra os lábios para fora, fazendo com que eles pareçam carnudos. Uso lentes de contato verdes ou azuis. Ponho as azuis quando estou relaxada ou em missões de paz. Comprei as verdes para ficar com a cor dos olhos dos meus netos quando estamos juntos. Agora, quando vou assinar contratos ou dar entrevistas, fico com os olhos castanhos mesmo, que transmitem firmeza.

Veja – E Botox?
Yara – Apliquei na testa e em volta dos olhos. Tem gente que exagera e fica sem expressão. Em mim, ficou natural. É bem verdade que não levanto muito as sobrancelhas. Também não consigo abrir um sorrisão. Mas tudo bem: as coisas estão aí para ser usadas. Não perco tempo passando mil cremes. Não perco tempo com futilidades.

Veja – Então a senhora sai de casa de rosto lavado?
Yara – Nunca! Não gosto de mim sem maquiagem. Detesto me olhar no espelho de manhã.

Veja – Que mulheres a senhora mais admira?
Yara – Uma é a Marilyn Monroe. Ela adorava o glamour. Também me identifico com Diane de Poitiers e Aspásia. Diane viveu no século XVI e ampliou a cultura na França. Sua família tinha títulos de nobreza, como a minha. Aos 60 anos todo mundo lhe dava 30. Além disso, protegia pintores e divulgava encontros culturais. Já Aspásia foi a professora de Sócrates.

Veja – Que homens a senhora considera elegantes?
Yara – Elegância é uma coisa que vem de dentro. (O jornalista) João Dória Júnior e Fernando Collor são exemplos de homens elegantes. Vestem-se de maneira clássica, são tradicionais. O João é capaz de jogar futebol sem tirar um fio de cabelo do lugar. Ah, acho elegantes também todos os homens que jogam pólo.

Veja – A senhora é religiosa?
Yara – Fui católica até os 14 anos. Um dia, quando estava me confessando, o padre me deu uma bronca porque não havia ido à missa. Na hora, tive certeza de que o catolicismo não era o meu caminho. Quem era aquele homem para me criticar? Passei a acreditar na natureza. Creio nas árvores, nos bichos e na água. O canto do passarinho é a representação pura da energia que existe no cosmo. Daí o meu cuidado com o meio ambiente. Só uso spray de cabelo que não prejudica a camada de ozônio. Ando tendo muitas preocupações com o mundo.

Veja – Quais?
Yara – A maior é com a água. Se não economizarmos, vai faltar no próximo século. Também estou apreensiva com o tempo. Li que o dia passou a ter só dezesseis horas, segundo a física quântica. É incrível como não conseguimos mais cumprir com nossos compromissos...

Veja – Como a senhora definiria a física quântica?
Yara – Não sei explicar direito, mas posso dar um exemplo. Quando vou contratar alguém, além de avaliar seu currículo, procuro sentir sua energia. Se é boa, houve um encontro dos nossos campos energéticos, entendeu?

Veja – Mais ou menos. A senhora faz caridade?
Yara – Não dou esmola, mas ajudo carentes em Campos do Jordão. Acho um absurdo essas pessoas que fazem de pedir esmola na rua um comércio. Detesto ver crianças exploradas pelas mães nos semáforos. Uma vez vi um senhor que tinha um quelóide no peito e fazia point nos Jardins (bairro de classe média alta de São Paulo). Um absurdo!

Veja – Quais foram as maiores lições que recebeu de seus pais?
Yara – Mamãe me ensinou a dar festas como ninguém. Aos 9 anos, eu já era capaz de organizar um jantar americano para trinta pessoas. Papai me ensinou a gostar de livros.

Veja – De que tipo de livros a senhora gosta?
Yara – A-do-ro livros. Tenho 5 000 volumes em quatro bibliotecas. Na biblioteca que eu chamo de social, guardo obras raras. Outra é meu cantinho, com livros de psicologia e de filosofia. A terceira, no meu quarto, tem os livros de capa mole, de administração, auto-ajuda e estética. No escritório do meu marido, estão os livros de arte. Colecionar livros é uma das minhas paixões.

Veja – Quais são as outras?
Yara – Música. Adoro Wagner. Toco muito bem piano. Aliás, tenho três: um Challen, um Bechstein e um pianinho de apartamento para tocar jazz. Outra paixão é olhar o mar. Sinto paz, muita paz. Só de falar sobre o mar, já me sinto tranqüila.

Veja – A senhora tem um gosto musical refinado...
Yara – Você acha mesmo?

Veja – É o que parece. A senhora gosta de algo simples?
Yara – Macarrão Miojo e pão com manteiga. Já quanto a creme hidratante, minha filha, não tenho nada de sofisticada. Uso o da latinha azul, sabe?

Veja – Qual é a sua roupa preferida?
Yara – Uma calça Lee, que ganhei aos 12 anos. É a minha medida até hoje. Quando não entro nela, sei que estou gorda.

Veja – Qual é o número dela?
Yara – Trinta e oito, talvez.

Veja – Quantos vestidos de festa a senhora tem?
Yara – Não sei, mas meu acervo está catalogado, assim como minha biblioteca. Digitalizei meus livros. Agora, estou fazendo isso com os vestidos. Fiz uma foto minha usando cada um deles. Junto com a foto, tem uma ficha com informações importantes. Coisas como onde e quando ele foi comprado, em que ocasiões foi usado e quando foi lavado pela última vez etc. O único problema é que as empregadas não sabem mexer no computador. Quando quero uma roupa, tenho de procurar eu mesma.

Veja – Qual foi a sua maior loucura consumista?
Yara – Fiz uma carreira muito bonita de bailarina em Frankfurt e em Londres. Minha professora, para quem sabe um pouquinho de balé, era da companhia da Anna Pavlova. Minha grande loucura foi gastar meu primeiro salário num par de sapatos e num mantô Dior.

Veja – Como eram os sapatos?
Yara – Sou uma pessoa muito sóbria. Eram de verniz preto, clássicos. Compro pouco, mas sempre do melhor. Gosto de qualidade, não de quantidade. Isso é bem europeu. Eu me sinto muito européia.

Veja – O que é se sentir européia?
Yara – Todas as viagens que faço têm de ter uma paradinha em Paris. É o ponto de partida da minha vida. Meus avós são italianos. Minha educação, portanto, foi européia. Aprendi as coisas da vida através da arte, da música, da literatura. Por causa dessa tradição, abri uma galeria de arte. Arte, arte, arte, arte, eu respiro arte desde muito pequena. Dizem até que eu sou uma mecenas.

Veja – A senhora não gosta de ser brasileira?
Yara – Tenho orgulho do Brasil. Fico feliz quando as pessoas se maravilham com a nossa cirurgia plástica. Não admito que falem mal do Brasil. Uma vez tive uma discussão horrorosa com um alemão. Ele criticou Jorge Amado. Como falo bem alemão, mostrei minhas garras.

Veja – Como a senhora se descreveria?
Yara – Sou uma bandeirante desbravante. Desvendo novos caminhos. Sou o próprio Mito da Caverna de Platão buscando conhecimento. Estudo nos fins de semana. O primeiro livro de gente grande que li foi a biografia de Leonardo da Vinci. O poder criativo dele me fez perceber que eu poderia realizar tudo aquilo que quisesse. Essa esperança do vir-a-ser é muito bonita.

Veja – Mais alguma coisa?
Yara – Anote aí (lendo um papel): eu respeito a pluralidade racial. Meu querido Kant tinha essa luta. Ele queria a paz entre os iguais. Ah, por favor, não me deixe parecer fútil nesta entrevista, sim?



PODE????????


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