quarta-feira, abril 12, 2006

Berlusconi rejeita vitória de Prodi e desafia centro-esquerda
direto do A Tarde


Depois do triunfo da formação de centro-esquerda de Romano Prodi nas eleições legislativas, contestado por Silvio Berlusconi, os italianos temem as conseqüências de uma dura disputa entre os líderes das duas coalizões.

O Ministério do Interior confirmou nesta terça-feira a vitória da aliança de esquerda com 158 lugares sobre 315 no Senado e de 342 sobre 630 na Câmara dos Deputados, mas cerca de 80 mil votos foram impugnados por Berlusconi e deverão ser validados pela Corte de Cassação. "Ninguém ganhou", advertiu Berlusconi, que denunciou 'graves irregularidades' das votações no estrangeiro, cujo resultado foi determinado para o triunfo de Prodi.

"A vitória é clara nas duas câmaras do Parlamento", respondeu nesta quarta-feira Prodi, que se sente absolutamente seguro para ser o próximo chefe de Governo.

Apesar da rejeição à vitória de Prodi, por parte de Berlusconi, inúmeras felicitações começaram chegar ao líder progressista de dirigentes do mundo todo. O presidente argentino Néstor Kirchner, por exemplo, pediu que Prodi estimule uma aproximação entre os dois países após cinco anos de frias relações com o conservador Berlusconi.

Prodi recebeu também mensagens de elogio do primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, do presidente francês Jacques Chirac e de José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, entre outros. A chanceler alemã Angela Merkel desejou que a Itália forme em breve um governo estável e capaz de atuar, segundo afirmou o porta-voz governamental alemão adjunto, Thomas Steg, apesar de não reconhecer oficialmente que a coalizão de Prodi tenha vencido as eleições.

Para estabelecer se os 25 mil votos de diferença que determinaram o triunfo na Câmara dos Representantes são válidos, serão verificadas pelo menos 43.028 cédulas por uma comissão especial que deverá se pronunciar entre quinta e sexta-feira.

A verificação dos votos impugnados no Senado, em um total de 39.833, será realizada no começo da próxima semana.

"Longa espera", anunciam todos os jornais italianos antes que Prodi possa assumir o poder.

Além da recontagem de votos exigida por Berlusconi, deverão ser realizadas eleições municipais de suma importância entre 28 e 29 em cidades como Roma, Nápoles, Milão e Turim, além de um referendo de reforma constitucional no final de junho, mês provável para a posse do novo Governo. A data para o início da nova legislatura foi fixada para 28 de abril, com Berlusconi ainda à frente, o que abrirá caminho para a escolha de presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, assim como de grupos parlamentares.

Prodi e seus aliados descartam ceder à oposição de direita estes cargos importantes, que representam o segundo e o terceiro posto da hierarquia institucional.

A primeira missão do novo parlamento será a de eleger entre 12 e 13 de maio o novo presidente da República.

Os sete anos de mandato de Carlo Azeglio Ciampi expiram em 18 de maio e seu sucessor será a pessoa que deverá garantir a formação do novo Governo de centro-esquerda. "Vamos esperar até o final de maio", ressaltou Prodi em uma entrevista à imprensa francesa.

"Serão respeitadas todas as etapas institucionais e isso levará um longo tempo", advertiu nesta quarta-feira em um comunicado o presidente Ciampi.


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